sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Dia de duas noites

Neste momento, o que quero para mim, não é felicidade.
Quero paz, PAZ.
Quero dormir de toda a minha alma.

  Tenho um friozinho na garganta, mas quero uma peúga no coração.
Nunca me agasalhei tanto, nesta época do ano...será que o Inverno chegou mais cedo? Quero sentir calor, e não aquele arrepio, que todos os dia me tem assaltado as manhãs.
Vou enfrentar o mundo e as minhas inseguranças, sim...apenas muda a perspectiva.

  O dia de hoje começou, como todos os dia, pela parte da manhã. Até aqui, tudo igual...uma manhã com acordar difícil, sem razão alguma...tenho cumprido tão exageradamente o horário de sono, que até ando preocupada. Vesti-me com uma sweat cor-de-rosa para contrariar a tez cinza e sorri para o espelho.
  A alimentação, essa continua caótica, de estômago apertado e leve enjoo, só em pensar comer. Não passa. Por isso, o pequeno almoço consistiu num estranho ritual, de pegar a primeira coisa que esteja à mão...três figos secos e um copo de água. Nunca fui de comer cedo. No intervalo das dez, já a coisa muda de figura, e alimentei-me como manda a lei, de café, sumo de laranja, pão fresquinho com manteiga e mel...huuuuum! O almoço, foi terno...com o meu amor "pequeno". Uma pizza suculenta e um copo de sangria. Eu, que ando meia grogue e bêbeda na vida...senti aquele líquido forte e quente, percorrer cada veia que sinua o meu corpo.
  Voltas e voltas e mais voltinhas da vida...daquelas que têm que ser dadas, que ocupam e pontuam os nossos dias. Cheguei a casa e antecipei a noite, dormi, dormi...até dormi a ginástica e o jantar.
Se sonhei? Claro que não! Só se sonha quando alguém nos deseja bons sonhos...e àquela hora, ninguém se deve ter lembrado que eu estaria a dormir. Foi sono de dormir mesmo, sono funcional de quem quer e precisa descansar urgentemente. A porta abriu-se por três vezes. Senti as cocegas do cabelo, no meu rosto e um leve beijo na face, ouvi um riso leve de troça, pela careta que fizera...ouvi um "Mamã? Estás aqui?", admirado e ouvi um "Estás a dormir?", ao qual hesitei responder sim ou não...porque estava.
  Acordei há pouco a pensar no trabalho para amanhã...toquei nos livros que me deram tanto prazer e de que falarei amanhã, na experiência de leitora. Os meus livros, tenho-os dentro de mim, mas por vezes preciso dizer-lhes que gosto deles e que o seu toque é insubstituível ... amanhã, levarei dois a passear. Não levo Mia pela mão, que esse é por demais evidente. Levo um livro da minha adolescência, que sempre amei desde então, e levo Luís Sepúlveda, no livro "O Velho que Lia Romances de Amor". Depois de apontar algumas ideias no papel, irei dormir novamente.
  Amanhã, será feito de quê? De dia, de noite...de horas e de tempo, de mim, de outros, e de todas as coisas e será.

domingo, 7 de novembro de 2010

Felicidade realista

Eu estava dormindo e me acordaram E me encontrei, assim, num mundo estranho e louco... E quando eu começava a compreendê-lo Um pouco, Já eram horas de dormir de novo

A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos. Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magrérimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio. Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade. Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar É importante pensar-se ao extremo, buscar lá d entro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade .

Mario Quintana

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Relato de pesadelo (Domingo, 24 de Outubro)

Três da madrugada, um pesadelo. Por onde andei, que fiz eu?
Era dia de compras e voltas, daquelas que ninguém gosta, afazeres de pouca monta. que se guardam para se despachar num só dia.
Primeiro, dirigi-me à loja do cidadão, que é lugar de onde fujo, normalmente. Necessitava repor a legalidade da minha situação. Dirigi-me ao balcão mais próximo, por não saber qual seria o adequado.
- Venho devolver o cartão de uma actividade que não pretendo mais exercer, disse eu.
 A senhora da repartição olhou para mim, sem me ver. Insisti e repeti, estendendo -lhe o cartão de fada, expliquei por breves palavras, o que me levava a gesto tão drástico.
 - Não quero ser mais serviçal do mundo paralelo, tenho pretensões mais altas e legítimas, quero tratar de o meu cartão de cidadão…oh, pode ser mesmo um normalito!
Despachei a papelada, preenchi formulários e segui caminho. Quando passei a soleira da porta, a senhora chamou -me:
- Eh, esqueceu-se aqui do seu par de asas!
- Não me esqueci, deixo-as para quem precisar, daqui em diante vou caminhar, como toda a gente.

Loja de penhores, foi sítio onde nunca entrei, mas para lá os meus pés se encaminharam.Entrei e imergi num intenso cheiro a decrepitude e tristeza. Nem vou descrever a figura, que nela exercia funções, é a que toda a gente imagina.
 - Que deseja?
-  Venho buscar o meu nariz que por aqui o deixei, penso eu... sou tão esquecida e distraída. Quero de novo ser dona do meu nariz.
Entregou-me um embrulho, envolto em papel pardo, peguei sem olhar ao conteúdo. Mais tarde lembrei que queria um arrebitado, embrulhado em papel de seda. Tarde demais...teria sido ocasião de trocar…
Mercearia de bairro mais tarde, puxei da minha lista e percebi, horrorizada, que tinha tanta coisa em falta. Compraria tudo avulso, na medida do que preciso.
- D. Arminda, venho comprar algumas raivas, para descarregar mais tarde, impaciência Q.B e 100g de impulsividade .
Shopping de roupa, não há mulher que resista. Entrei na loja de marca, de aspecto sofisticado, e pedi:
- Uma capa de cinismo, por favor.
Cinismo, é preciso e era coisa que não parava há muito no meu dressing. O cinismo é o humor possível de quem está triste e desiludido. Funciona como capa da chuva para as almas magoadas. Vesti, estava um pouco apertada, mas servia.
Não andarei mais sobre nuvens
Na hora de ir para casa, hesitei…estava carregada de embrulhos e a pé não dava jeito. Que foi feito do meu carro? Andou a brigar com um malevolente poste de estacionamento. Autocarro, vou de autocarro que é comum para gente como eu, que vai só no meio de tanta gente, que se acotovela e não se vê. O meu orgulho dizia-me para ir de Lamborghini…mas não posso. Seria o carro ideal para transportar a minha auto estima, em baixa.
Cheguei a casa e fiz coisas de gente comum a pensar que não o era. Abri o portão que teima em não ser automático, mesmo nos dias de chuva.

domingo, 24 de outubro de 2010

Chovem sapatos

Hoje, ganhei mais um par de sapatinhos de princesa, lindos de morrer, forradinhos de cetim, esguios e pequeninos. Isto porque a minha mãe teve um casamento há pouco tempo, e na azafama e prazer das compras, deve ter esquecido que calçava um número acima e que tinha um calo, no dedo grande do pé (por favor, não lhe contem que disse isso aqui!)...não tenho nada a dizer contra isso.
 Assim, conto hoje, com  três pares de verdadeiros sapatos...
Mas, claro que me falta o par idealizado, aquele de que me falou a minha amiga C., aquele que teria em comum com a minha amiga M.C, que teima, a milhas de distância, em escolher, numa montra, noutro ponto do país, o mesmo par que eu....uns de verniz, vermelhos. Os red shoes, evocam em mim lembranças e a imagem de uma menina de escola, com sapato vermelho de fivela, de sobretudo preto e gorro vermelho, a caminhar por um dia cinza e gelado. Sapatinhos de Capuchinho.
O que te evocam os sapatos vermelhos?

domingo, 17 de outubro de 2010

Cinderela

Não sei se vá de coche...já se transformou em abóbora.
Vou de salto, quando encontrar o par...a viagem vai demorar!
Demora o tempo que for preciso.

sábado, 16 de outubro de 2010

Dormência


Muitas das mulheres com quem tenho falado,  contactado mentalmente ou virtualmente, trocado olhares ou impressões, têm revelado um cansaço no qual eu me revejo, uma lassitude no olhar. Não conseguem aliviar-se um pouco do peso dos que amam. Deixo desde já bem claro, que não é por não abraçar de alma e coração o papel de mãe, com gratidão e alegria.

Meu Deus, como detesto quando tenho frio...
Pensei esgotar-me nesses papeis vários, esvair-me em responsabilidade e olvidar-me definitivamente de mim, dos meus desejos e quereres. Quem queria saber de mim? Absolutamente ninguém, desde que eu preenchesse o que era requerido socialmente.
Adormeci para mim e fiquei latente...
Nunca mais ser vista como uma mulher que tem desejos de crescer também e de se realizar, chocou-me de tal forma que entrei, possivelmente em coma. Mãe fica onde está, sempre.
Dona de casa alimenta, limpa, tem a roupa da família em dia.
Como detesto os comentários da minha mãe e os conselhos que me dá sobre organização da roupa, como detesto quando ela não para de arrumar para ajudar, em vez de se sentar um pouco. Como detesto que dia após dia me perguntem o que é o jantar. Como detesto que me digam "havíamos de", quando sei perfeitamente que querem dizer "devias".

Quando acordei, calcei sapatos de verniz, com salto, para crescer com brilho. Gosto dos meus sapatos de verniz, de princesa, que a minha pequena me pede para calçar, quando for grande...é bom sinal. Desde esse dia que tenho sempre um par de sapatos de princesa, é que nunca se sabe...
Quando acordei entrei em auto combustão, perdi os quilos do meu interregno vegetativo.
Quando acordei, fiz as malas e fui para Paris.
Decidi que só queria cozinhar por prazer.
Aprendi a dizer não e quase nunca...quase nunca, me sentir culpada por isso.
Aprendi a conjugar o verbo querer e ir, na primeira pessoa do presente do indicativo.

Quando acordei daquele esquecimento de mim...também os outros se tinham esquecido, e não me reconheceram. Viver  na  transparência, não um estar no qual eu me reveja e queira para mim.

Difícil é a reconquista da liberdade,do ser e  do querer... não se faz sem mágoa e sem quebras.

domingo, 10 de outubro de 2010


Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro
      nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um
 ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes
      verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um
      aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E, no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
Não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.

Eugénio de Andrade

A virtude dos defeitos.

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. [ Clarice Lispector ]

Um defeito pode ser a nossa trave mestre.

sábado, 9 de outubro de 2010

On est pas obligés

Je ne veux pas une vie
En forme de bac à sable
En forme d’aquarium
Aplatie comme un tapis.
Je ne veux pas de vie à ritournelle, ni à refrain
Je ne veux pas de vie à frein.
Je veux une vie tapie de petits riens.
Je ne veux pas d’une vie polie et urbaine, pleine de civilités.
Je ne veux pas d’une vie réfléchie et murie.
Cette vie ce n’est pas un projet raisonnable.
C’est une vie qui gambade hors des sentiers battus, hors des normes et des règles établies.
Une vie sur un chemin qui ne va nulle part mais qui chemine.
De toute façon, quels que soient les chemins, on ne sait jamais où ils nous minent.
Devant moi, je veux une avenue de mots bleus, doux comme les matières  inexistantes, tissés de fils de soi.
Pavée de mots multicolores.
Une vie comme une bulle de forêt, de bois et de mousse et d’infini.
Soufflée et forte, irisée, qui brille aux rayons du soleil.
Une vie qui n’existe pas mais dont on ne peut nier l’existence.
Une vie intérieure comme un cocon
Où les matins sont azur, tous les jours, et où la pluie n’est pas acide.
Faite de petits gestes dits et de petits mots doux  comme des dessins d’enfants.
Il n’y a que des mots à entretenir et un espace qui n’a pas besoin de maintenance.
Un espace tendre et suspendu au bord de lèvres qui  ne les ont pas prononcés.
Une envie de tous les jours où on n’est pas obligés.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O que eu quiser



 "Se quem semeia ventos colhe tempestades, então eu prefiro semear furacões"
Todos temos palavras que detestamos e outras que amamos.

Resignação
Conformismo
Saudosismo
Mentira

Resiliência
Amor
Entusiasmo
Inovação
Movimento
Liberdade
Imaginação

Fácil dividir, não é? :-)

A cor que me fica bem

Há já algum tempo, alguém me perguntou qual era a minha cor...estive tentada em responder "cor de carne, cor de pessoa", claro que se tratava da minha cor política. Pensei e pensei e dei voltas à minha consciência política e nacional, temi ser entendida como um ser amorfo, politicamente falando. Não sou, mas esta política não me serve, não sou adepta de ideologias vazias e de aposta cega na lateralidade esquerda, direita...eu que, muitas vezes nem sei distinguir uma da outra. Essa visão da política apenas me sugere um barco que é preciso manter à tona, num mar ondulante...em que todos temos que nos deslocar para babordo ou estibordo, conforme as necessidades e o barco afunda-se. "É  momento de quebrar (talvez ir ao fundo), o momento de sonhar espaços novos" e aperfeiçoar a visão periférica.
Um "Projecto de construção social"...eis um conceito que me interpela, eis uma ideia que me anima e me dá vontade de agir pelos outros, de me implicar politicamente, com ânimo e empenho. Encontro-me politicamente, nesta ideia de "heroicidade diária" em que se trabalha pelo bem social e pela comunidade.
Venham então os políticos profissionais com visão ampla e coração grande ... com um projecto nacional.
Este senhor Frei Fernando Ventura, falou-me...
e agora já posso dizer, sem medo de ser mal interpretada, sou cor de carne, cor de gente.

http://dererummundi.blogspot.com/2010/10/analise-de-grande-lucidez-sobre.html

sábado, 2 de outubro de 2010

A enxaqueca não é minha amiga

Chegou pela calada da madrugada, insidiosa e latejante. Surpreendeu-me no meu sono, impedindo-me de actuar prontamente. Senti-a chegar, mas ainda estava emersa num sono nebuloso. Quando acordei com um peso em cima das pálpebras e um intenso apertar das têmporas, já ela estava instalada para ficar. Deixei-me estar, no escuro do quarto, deitada, de olhos fechados, muito quieta.
A realidade não me deixou ali permanecer e todos os simples gestos do dia, me pareceram titanescos e desajeitados, como se me tivesse esquecido de como se executavam.
Os sons ecoaram na minha cabeça como se nela habitassem, atingindo o mais profundo e mais recôndito neurónio sobrevivente. Sinto-me tão oca que duvido agora que me tenha sobrado algum.
Vou tentar dormir...vou apanhar papoilas e elfos, se os conseguir alcançar.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A minha empresa...e você, já sorriu hoje?

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
Mas não esqueço de que minha vida
É a maior empresa do mundo…
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
Se tornar um autor da própria história…
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
Um oásis no recôndito da sua alma…
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “Não”!!!
É ter segurança para receber uma crítica,
Mesmo que injusta…

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…


Sei que não é boa altura para empreender, fundar uma empresa, em tempos de crise...mas se eu não investir em mim, quem o fará? Pois bem sei...NINGUÉM! E eu quero crescer, não quero falir.
Quando as coisas me caem em cima fico assim um pouco atordoada, depois, vem o tempo da acção, de dar a volta por cima e lá vou eu!
Hoje falei com um amigo...(é estranho ser analisado do exterior) ...esse amigo já me disse várias vezes, que por vezes pareço planar sobre o comum dos mortais, com a arrogância da minha genuína alegria. Arrogância é mau, mas percebi o que queria dizer. Há alturas em que não é de todo conveniente expor boa disposição, saúde e vontade de viver...sorrir é pecado em tempos de crise. Perguntei-lhe se achava que deveria ser mais contida na minha expressão de alegria, no sorriso do dia a dia, traduzida (olhem que não é todos os dias). Disse que não, que o punha bem disposto, porque era contagiante...e fiquei feliz...a minha empresa, está no bom caminho! Procuro sócios e partilho dividendos... Contenção?, não faz parte do pacote!!!!!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Também estou a pensar ir...

Vou-me embora para Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora para Pasárgada

Vou-me embora para Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau de sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe d' água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora para Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilzação
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mais triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
-Lá sou amigo do rei-
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Manuel Bandeira

Por vezes tenho a mania de oferecer poemas a quem amo. Este tenho-o guardado dentro de mim e é meu, para mim...neste momento, é para lá que quero ir. Não deve ser deste mundo este país, cada um de nós tem PASÁRGADA dentro de si.
É para lá que vou comprar bilhete, num voo que tem retorno marcado...na hora a que todos nós somos chamados à realidade. Pasárgada, não é um destino, é uma viajem para uma ilha, que faz com que todos os homens e mulheres sejam ilhéus dentro de si, desconhecido dos outros...
por mais que eu os ame.

sábado, 25 de setembro de 2010

Aos Donos da Verdade...que andam por aí


Insuporto supostas verdades de quem acha que sabe tudo e quer impor a sua visão toldada do mundo, num estrabismo abismal e mental.
Afasto-me de pessoas que cospem o que têm para dizer, apenas para aliviar as suas consciências, frustrações e os maus fígados.Entre essa agressividade e um bom soco no estômago, não há grande diferença, é violência pura, descarregada em torrente.
Agem a coberto de uma sinceridade que nunca aplicaram a si próprias, porque se acham perfeitas ou a caminho da perfeição. Que olhem para o espelho e digam se gostam do seu próprio reflexo e da alma que aí se reflecte. Duvido muito que gostassem dessa imagem reflectida e aconselho modestamente, que evitem fazê-lo, porque pode ser fatal para a sua suprema supremacia.
São melhores que os outros? Sabem SER mais? Parabéns! Não quero a receita, obrigada! Já disse que não quero! Não há paciência! Ninguém lhes encomendou o sermão! Ninguém queria saber o que pensavam!...mas insistem...
Que apliquem a si próprias estas terapêuticas de choque.
Quem quer saber o que não gostam nos outros?...eu não!
Que sejam moralistas nas suas próprias casas e altruístas consigo próprias.
Eu gosto de poder dizer o que gosto nas pessoas, fazê-las brilhar, construir e esperar.
Será que algumas delas se tinham apercebido de que como são maravilhosas e importantes?Têm defeitos? Pois têm…e daí?
Quem eu admiro? Os Amigos desses Donos da Verdade,porque esses sim, devem ser perfeitos para continuar a serem seus amigos...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Começou assim... Aventuras de cozinha (parte I)

Muitos dos que me conhecem sabem ou acham que sabem que sei cozinhar e presumem que gosto.
Para contar tudo em pormenor, tenho que voltar atrás nos anos e reinstalar-me na minha meninice. Olhando para trás, revejo a menina que fui, na cozinha da minha mãe. Nem era bonita, nem feia, aquela cozinha…era aconchegante, e durante anos a fio, fiz os meus trabalhos de casa, sentada à mesa de fórmica. Era o local mais quente da casa, nela presidia um imponente fogão a lenha, daqueles que ronronam e marcam presença. Havia sempre uma chaleira, com água quente no canto desse fogão, e ainda hoje não sei porquê.
Muitos supõem que a minha mãe seria exímia cozinheira e que me terá passado o gosto e alguns segredos. Que se desenganem, pois a minha mãe cozinhava para alimentar uma filha, um pai e ela própria, cozinha simples e trivial. A minha mãe não foi daquelas que ficam em casa, fez parte de uma geração fabriqueira e não tinha tempo para grandes reflexões gastronómicas.
Quartas-feiras, dias sem escola, sozinha em casa. Um mundo escondido por detrás daqueles armários, dentro de gavetas. Panelas rutilantes e o FOGÃO ronronante…
Tudo começou quando me apercebi que não poderia contar com ninguém nas aventuras das quartas, na cozinha. O meu pai, um dia que lhe pedi para deixar a massa, já na medida certa para eu cozinhar, deixou-a de molho e claro que, na hora de a cozer, já só encontrei uma papa pastosa…Outro aspecto decisivo, foi o único prato detestável a que o meu pai me votava todas as Quartas, o seu célebre arroz de bacalhau…não como arroz de bacalhau desde então…
O meu pai foi o meu primeiro fã e aquelas Quartas tornaram-se num desafio inventivo, na questão de meu pai –“ Hoje há comida de livro?”. Ora, comida de livro não era, mas se o meu pai dizia que era digna de livro, então tinha que ser cada vez mais surpreendente, no aspecto e no paladar. Começou com um peixe assado no forno em crosta de massa, moldada em formato de peixe. Foi tão rasgado o elogio e o sorriso, que ainda hoje me comove, e o meu pai continua a ser o meu fã número um.
Rapidamente vieram as aventuras no mundo dos bolos e sobremesas, e não me lembro por mais que tente lembrar-me, de nenhum bolo de aniversário que eu não tenha feito…

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Rendez-vous comigo?



Há dias em que anseio por um encontro comigo própria.  Dias em que preciso encontrar-me, de forma lúcida e sem artifícios. São momentos em que me volto para dentro e não estou para ninguém. Esses momentos em que me questiono, são verdadeiramente dolorosos por vezes, porque não há margem para falsificar ou para enganar, neste tête-à-tête.
Dolorosos,  por não me encontrar como gostaria de ser ou por não poder sempre fazer um balanço positivo do que sou, do que trago aos outros ou mesmo ao mundo. É um encontro sem auto-comiseração e sem margem para mentiras ou ilusões.
Nesses dias faço as malas para uma vilegiatura interior, com escalas pelos momentos que considero fulcrais no meu caminho de crescer. Reencontro pessoas que cruzaram os meus rumos e de forma positiva ou negativa, me construíram como sou. Por vezes faço contas e ajusto contas.
Questiono-me muitas vezes sobre  felicidade,  o que faço para contribuir para a felicidade dos outros.  Com questões assim, raramente encontro respostas e, muitas vezes, admito que não as quero. O processo é que é importante. É claro que, como toda a gente tenho dias ou momentos felizes e outros menos…não é por aí, é mais uma questão de essência de mim.
São refúgios interiores, à busca de um equilíbrio. Ser funâmbulo entre o sonho e a realidade necessita destes lampejos de verdade interior. Saio deles inquieta, preocupada, mas sempre com um querer positivo que me ajuda a avançar. A resiliência é uma qualidade que aprecio em mim. É bater com os pés no fundo d piscina, para melhor subir à superfície, aspirar rapidamente um gole de ar fresco e continuar. Por vezes até tomo resoluções, que sigo ou não…

domingo, 19 de setembro de 2010

Castigo...pela gula

Pois é...lembram-se do fim trágico da meia tablete de chocolate? Pois agora daria o meu reino, por apenas um quadrado, e não há! É assim o castigo de quem não pensa no chocolate nosso de cada dia.
Não vou saír para comprar, mas enfim... bem que me apetecia.

sábado, 18 de setembro de 2010

O poder do sonho e dos desejos.

‎"O que mais me doi na miséria é a ignorância que ela tem de si mesma. Confrontados com a ausência de tudo, os homens abstêm-se do sonho, desarmando-se do sonho de serem outros.
Existe no nada essa ilusão de plenitude que faz parar a vida e anoitecer as vozes."
Mia Couto

   A miséria pior que se possa imaginar, é a que prega definitivamente ao chão e nos deixa a chafurdar na lama,  aquela que cala, impede o Homem de se elevar e de se realizar na sua plenitude...
Sonhar e desejar são de facto uma riqueza inestimável. Somos ricos dos nossos desejos e sonhos.
   Essa riqueza só é possivel quando vemos preenchidas as nossa necessidades básicas de alimentação, paz e segurança, conforto, amor e saúde. Como sonhar, se não há pão? Como sonhar, quando se deve lutar e sobreviver? Como sonhar, se não se sabe onde se vai dormir e se tem frio? Como sonhar, se se está só ou doente?...O que se pode desejar?

   Andei às voltas com um texto que me deixou de cabeça às avessa ... virtualmente, fiquei plantada, em cima de uma cadeira, com as minhas dozes passas na mão, a ouvir os som das doze badaladas ,a retinir nos meus ouvidos...sem saber o que pedir. Teria que pedir algo que não tenho, ou pedir mais do mesmo?

   O que quero desejar para mim, para quem amo e para todos em geral?
Que peço a todos os profissionais dos Desejos e Sonhos & Lda (Pai Natal, Menino Jesus, Génio da Lâmpada, fadas madrinhas e tutti quanti confundidos), quando eles me aparecerem?

   Desejar, sonhar...conservar essa capacidade e essa possibilidade.
Porque no dia em que nao terei mais desejos, no dia em que não sonhar, serei muito pobre e terei perdido a minha essência.
Enquanto somos ricos dos nossos desejos e sonhos, temos algo de infinitamente precioso para dar.

   E depois...ainda existe a miséria da ignorância, mas isto será motivo para outro textito...




Dai-me asas!

 

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Crime e Castigo...

Olho aterrada para o papel prata, à minha frente, e não acredito no que vejo...acabo de assassinar meia placa de chocolate, à dentada. Podia invocar a necessidade de terminar uma mísera metade de tablete, por medo de que passasse da sua data de validade...Ninguém acreditaria em mim e passaria por mentirosa.

Que verdadeiras razões se escondem  por detrás deste gesto reprovável e horrendo? Passada a fase em que fiquei estarrecida por esta recaída compulsiva...pensei no meu dia, ou melhor na metade que já passou. Nada, nada se passou que explique racionalmente este gesto inconsiderado, nada.

E talvez seja isso, NADA...Aqueles quadrados saborosos, nem derreteram na boca, foram devorados e o mesmo vazio ficou. Não vieram preencher nada e apenas me deixaram um peso na consciência, mais umas gramas no rabo e mais um pouco de colesterol talvez.

Logo, quando vierem as pequenas, vão perguntar pelo chocolate, e o que direi?
Nao posso dizer que o comi, depois de estar constantemente a pregar que se devem comer doces com moderação e perseguir a gula, como se de uma cruzada, um auto da fé se tratasse, sem dó nem  piedade...meu Deus, que fiz eu!

Sou uma menina má, vou direitinho para o inferno...mas, pensando bem...talvez vá de qualquer forma.
Será que nos caldeirões infernais, há chocolate quente? Mnham!!!!! e se se o Diabo valer a pena...e for jeitoso, então estarei no paraíso!!!!



Já se nota alguma coisa? :-)

sábado, 11 de setembro de 2010

Estado de urgência...relativa

Hoje, preciso que me dêm corda aos sapatos
Hoje, preciso que me façam uma massagem cardíaca
Hoje, preciso de socorro
Hoje, preciso de uma garrafa de oxigénio
Hoje, preciso de um electrochoque
Hoje, preciso de colo
Hoje, preciso que me dêm asas para voar
Hoje, preciso de um trampolim
Hoje, preciso de muletas ou quiçá de um par de patins
Hoje preciso de um penso e de ligaduras
Hoje, precisei...preciso, precisava...oh, mas ainda bem, que já é amanhã!...e já não quero nada disso.

Vou vestir uma armadura de samurai, por baixo do meu quimono de gueixa.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Quem não me conhecer, que me compre!

Sentido obrigatório

Sou BOA!! Não acreditam?

Bem, primeiro estou a tentar convencer-me a mim própria, e só depois virá o trabalho de marketing pessoal. Será que me conheço bem o suficiente para colocar em evidência o que tenho de positivo e melhorar o menos bom?
A ver vamos...

http://mktportugal.com/blog/?p=2360

Porque eu quero poder continuar a ser professora.




  Há dias assim, dias assim-assim e dias não. Todos os têm, pois claro…nem digo que não.
Mas eu tenho dias em que a minha vida passa sem mim e esta ausência da minha vida é frustrante.
Não quero esta vida minha, sem mim. O que significa este tempo que passa e eu não estou? Este tempo fora.

  Há dias em que passo os portões da minha escola, que cada vez sinto menos minha, às 8h15….e o tempo passa, corre e acaba. Por vezes acaba tão tarde e volto a passar o mesmo portão em sentido contrário, doze horas depois. O único sinal da minha passagem por là, ida e volta, é o toque que pontua entradas e a saídas. Passei lá o meu dia, doze horas da minha vida, a fazer o quê?

  Pois bem, alguns poucos dirão que estive talvez a trabalhar, talvez…

  Porque  até eu , por vezes duvido…

  Quando comecei este trabalho, eu não o via assim, não me sentia assim e é assim que eu não o quero ver.

  Passo muito pouco do meu tempo com os meus alunos, a ensinar-lhes.
  Passo muito tempo a preencher papelada e a contribuir para alimentar a máquina burocrática. Passo muito tempo a contribuir para a desflorestação e em reuniões.

  Quando dou por mim é porque tenho fome e sono e estou cansada. Só nestes momentos tenho consciência de mim. Estarei sob o efeito de alguma anestesia?

  Quando  me falam em avaliação, até me dá vontade de rir. Nem percebo o que pretendem de mim…Estarei apta a dar convenientemente 3 aulas por ano e preencher outros tantos formulários? Depois de anos a fazê-lo, dou por mim a não saber fazer o que sempre fiz…

  E depois desta avaliação que não poderá ser outra que muito boa…porque terei gasto as pestanas a fazer os planos de aulas, que tanto vão beneficiar os meus alunos e fazê-los crescer, os objectivos que irão enriquecer a comunidade, que nunca voltará a ser a mesma e  a revolucionar a escola?
  Depois, dir-me-hão que nao tive muito bom ou excelente porque não, porque explodi com as percentagens disponíveis e que nâo havia para todos. Mérito, por aqui se desconhece.

  Como será a avaliação que as minhas filhas farão de mim?
Péssima, porque terei abdicado delas e do tempo que lhes devo para servir ninguém, numa absurda burocracia inútil.
Inútil, é como me sinto.
  Nos dias em que elas estiverem doentes…não poderei ficar com elas. Até as vou mandar para a escola, ainda débeis, se for possível. Irão contaminar os filhos dos outros, e preferência, os filhos dos que podem ficar com eles.
  Uma, tem a infeliz ideia de ter mais do que 11 anos e a outra tem o mau gosto de frequentar um pediatra que não trabalha para o SN de saúde e não tem contrato com a excelente ADSE.…
  Um dia despedem-me com justa causa…
Carinhos à pressa com hora marcada. Sim porque tenho que corrigir testes ou fazê-los. Idas ao cinema…nem pensar, porque me sinto culpada por não estar a trabalhar, ficarei a pensar nos filmes que poderia ter visto.
E se os meus pais adoecem…paciência! A culpa é deles…quem lhes mandou incentivar alguém a ser professora?!

  Professor…tem família?...tem amigos?...lazeres?...pode ter, só não é possível…ter tudo ao mesmo tempo…. um bom trabalho (bem pago...) e uma vida pessoal equilibrada.
O que vale, é que tenho um montão de férias…ah, pois é!
Mas isto é aqui para nós, que ninguém nos ouça.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

SOUdades ?


Hoje, saí de casa como habitualmente, para caminhar. Invoquei alguém que não veio, e pelo caminho, tropecei em mim.


Bateu-me uma saudade bem grande de mim.

Saudade do dia em que luzi e me aconteci ,

Saudade de quando eu era só e apenas EU,

Saudades de quando sonhava quem eu seria,

Saudades de quando reflectia sobre o que seria,

Saudades da época em que eu julgava saber quem eu era.

Um dia marco um encontro comigo…e tomo um café.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Fermé pour travaux...

Tu sais mon cœur, j’essaie de bien prendre soin de toi


Je fais très attention.

Pour entrer, il faut désormais des chaussons d’élection.

C’est quoi cette petite égratignure?

C’est quoi cette éraflure sur la peinture?

C’est quoi cette petite ride que je n’avais pas vue?

Cette petite cicatrice qui a du mal à cicatriser?

C’est quoi ce petit bleu ?

Ce petit coin écorné ?

Ce petit bout qui s’effiloche ?

Cet atome qui croche ?

Il est un peu mal en point…faudrait rafistoler.

…j’attends des amis pour les travaux.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Venham a mim os Simples.

Ser simples, é muito mais do que não ser complicado. É ser verdadeiro, é estar atento, é ouvir o coração e falar sem ter a pretensão de estar sempre certo.


Conheço poucas pessoas simples e verdadeiras, na sua forma de falar, de pensar, de estar, de viver, de ser… simples na única verdade, a do coração.

Podemos compor uma verdade para tudo. Uma que nos agrade e nos deixe ficar bem na fotografia, mas não podemos enganar-nos. Não há maior luta desigual, do que a que travamos connosco. Digo, sinto e ajo em sintonia com o que me diz o meu coração?

domingo, 29 de agosto de 2010

Sem esperanças nem desilusões

Virá o mar...




Eis como te quero agora e para sempre.

Sem o fulgor que ruboriza as minhas faces,

Sem o negro onde caio na tua ausência.

Não quero partir,

Nem quero ficar.

A indiferença do apenas saber que te encontras bem.

É a que anseio para mim

Para o tumulto da minha alma,

Para a tempestade do meu coração.

Não quero o uivo nem o sibilar do vento

Nem a brisa delicada do teu sopro.

Não quero nada.

Não quero lágrimas, sejam elas de alegria ou desalento.

Apenas quero voltar a mim, sem esperanças nem desilusões,

apaziguada.

Ma valise, ta valise...nos valises

Ta valise un temps perdue m’a fait réfléchir… Neruda faisait collection de maisons, de proue de bateaux, de bouteilles….pas pour les posséder mais pour le patrimoine chilien. Un jour, la junte est venue et a tout détruit…des années de recherche de l’objet rare, indispensable, unique…pour rien.


Quels sont mes basiques indispensables au fil des saisons et depuis presque toujours…je cherche des objets et je ne trouve pas.

Qu’est-ce que je sauverais d’une maison en flammes ?... je ne sais pas, sûrement des trucs indispensablement idiots …comme un dessin, une photo, un livre, une lettre… un de ces jours je vais mettre tous ces trucs dans un carton pour que ce soit plus facile à emporter.

J’ai déjà eu quelques pertes d’objets et de maisons irréparables… et qui me font toujours un peu mal quelque part.

  • Ma première collection de boutons

  • La maison de mes grands-parents

  • Ma boite à trésors de quand j’étais petite

  • L’ancienne chapelle de mon village

Mais tous ces objets perdus, on vit avec, on les porte en nous.

Ce que j’aime depuis toujours c’est :

LIRE…quand j’étais petite je me demandais comment j’avais pu vivre sans savoir lire, je n’existais pas comme non-lectrice et je souris parce que je me souviens toujours avec gratitude de la mini bibliothèque de l’école et du premier livre qui était une histoire de petits lapins…introduite dans le monde merveilleux de la lecture par une famille de petits lapins. Je serais bien en mal de choisir un livre pou emporter dans une île déserte… Tout, tout le temps, dans n'importe quelle situation, n'importe quelle position. Je peux lire un magazine, les programmes de télé, un essai philosophique, de la poésie, un mode d'emploi, des livres pour enfants ou adolescents, le bulletin municipal, le menu du restaurant, des livres de cuisine, des magazines de tricot, l’emballage des céréales… tout me fait plaisir, tout m'éclate, tout m'est indispensable.
EAU…je suis une barboteuse invétérée depuis toujours. On me mettait une grande bassine en zinc au soleil et j’étais heureuse toute une après midi….quand je n’ai plus tenu dans la bassine, je suis passée à l’étang vert derrière chez moi avec les gros pneus des camions au début…les ruisseaux et les ruisselets dans la forêt ….la mer bleue et grise, l’océan, les embruns…l’eau des caniveaux avec des bottes en caoutchouc…

L'eau, barboter, mariner sans fin dans un bain, sauf dans le chlore, j'adore !

Je pousse même le vice jusqu’à aimer en boire.

SOLEIL…sur ma peau nue, si possible…la chaleur douce qui irradie et s’imprègne…

FAIRE…voir quelque chose prendre forme, que ce soit un pull, un tableau, un texte, un gâteau qui gonfle dans le four, mon bureau qui émerge du fatras que je range, une idée qui se précise… un enfant qui grandit, aussi.

Mettre des objets au monde et en sauver quelques uns.
CALINS…de tout le monde, amis amours
SOURIRES…dès le matin, même virtuels…même ceux qui n’existent plus ici et même ceux qui ne sont pas pour moi. Le plus beau sourire d’amour dont je me souviens, il ne m’était même pas destiné.



COURIR, MARCHER, FAIRE DU VELO, PATINER….me dépenser.

VOYAGER à l’intérieur de moi et dans l’espace aussi…les deux en même temps.

Tu avais raison, il y avait beaucoup de choses dans ta valise et dans la mienne.

Corações de Papelão em Terra de Nenhures

Dedico esta escrita à Mademoiselle que me espicaçou este texto. Digna representante de apriorismos, digníssima herdeira das ideias avançadas de seus progenitores e falante do alto dos seus altos estudos Lusos. Passado um mês sobre a invasão da tribo dos "Avec", venho dar o meu pequeno testemunho, feito de Cependants. Sou testemunha que pertenceu, por obra do mero acaso, a esta tribo binómada, que não sabe onde pousar o coração e a língua.
Mademoiselle, muy douta representante e esclarecida guardiã, da beleza e da rectidão da sua língua materna, comentava que, por parca instrução de quem partiu em Terras Gaulesas, ter-se-ia engendrado uma vergonhosa e ridícula forma de falar e estar. Essa mesma pouca instrução, também teria sido impedimento, para que tivessem integrado todas as regras do bom uso e pronúncia da língua francesa.
Não a conhecendo bem, mas sabendo do seu elevado grau académico, gostaria muitíssimo de a ouvir, no seu francês mais-que-perfeito, caso emigrasse. Neste ponto, deixem-me rir um cadinho hihihiihihihihihiihih!!!! Pois bem, esta forma de se exprimir, leva-me realmente a sorrir. Sorrir sem desprezo ou troça alguma, mas com grande ternura. Revejo a minha tribo de tios e tias e é neles que vou basear grande parte do meu apontamento de vista.

Oh, nem sempre tive orgulho de ser emigrante de Nem cá Nem lá. Sentia-me desconfortável com os pés desenraizados, cada um assente numa cultura diferente. Olhem, imaginem o que é andar a pé coxinho todos os dias. Sentia-me envergonhada cá e lá, sempre que abriam a boca, andava cuidadosamente afastada, para não ser assimilada àquele grupo que, para além de mais, também falava alto. Hoje me penitencio, mas para minha defesa, apenas era quinzaninha.

A riqueza do dialecto françuguês, repousa aleatoriamente, na junção das duas línguas numa perfeita simbiose, e na tradução mais que livre de expressões idiomáticas.
Idos para terras estranheiríssimas, onde usos, costumes e língua, lhes eram alheios, juntavam-se em associações, onde alegremente palravam, aprendendo uns com os outros. Assentavam na oralidade as não-regras de tal fala num “olha, como se diz?”, e pimba, lá vinha a tradução instantânea.
Mademoiselle, que língua gostaria que lhe soasse aos ouvidos, nos seus parcos momentos de praia, nas nossas festas e romarias de Agosto? Uma língua usada na perfeição, de gente que não a fala no seu dia-a-dia?

Não usam o Françuguês para se evidenciar, Cara Esclarecida. É para se fazer entender dos seus. O Michel da anedota, não perceberia patavina se a sua querida avó, lhe dissesse “Michel, cuidado que vais cair!”, e o Michel, cairia por certo. É uma questão de sobrevivência. O Michel domina perfeitamente a língua do país onde nasceu, mas a sua avó esqueceu a língua materna que não aprendeu, e nunca chegará a aprender a língua onde pousou as malas.

Michel, que nome fantástico! Já nem em França há desses pequenos. Deveriam por ventura, ter-lhe chamado Manel? Aquela criatura, jamais voltará para terra dos seus antepassados e não vejo vantagem nenhuma em atrofiar-lhe a vida à nascença. Que dizer dos Kevin, que todos os dias nascem em território nacional? Nada, não digo nada. Apenas que vivam os Franciscos e as Marias, que não sabem a sorte que têm, em ter pais finamente demodés. Nesta aldeia global, deveríamos apelidar os nossos filhos, de um nome usado no país onde gostássemos que eles emigrassem…para sair de cá, para longe de nós.

Estas pessoas, amam genuinamente e ingenuamente o seu país e depois de ganharem a vidinha, fazem-nos a honra de vir morrer pacatamente debaixo do sol pátrio. Nutrem uma saudade constante de tudo (que até o bacalhau é melhor), até ao mês de Agosto.
Voltam para a Mãe, que apenas existe nas suas memórias já muito fatigadas. Já não se lembram porque partiram ou abalaram.
Abalar é o verbo correcto, para um sismo que os desenraizou bruscamente, um dia. No percurso de volta, irão deixar netos e filhos franceses, que apenas Verão no querido mês de Agosto, na concretização do sonho final.

Em tempos idos, esta tribo ia “de assalto”, e durante a minha meninice, imaginei que se deslocavam aos saltos, ao passar a fronteira, perseguidos pelos guardas fronteiras.
Do linguajar, guardo saborosas recordações. São imagens deliciosas que me afloram e me aproximam da juventude ida das minhas tias.
Lembro-me da minha tia (ser bilingue de uma assentada só), a contar de forma veemente, o episódio da sua rica máquina de lavar. Reproduzo aqui em discurso livre, sem direitos de autor: “ Ai, que a minha machina de lavar está em panna. Apoiei nas tuchas todas e ela não marcha”. Acho que deveria agradecer este exercício de estilo, à maneira de uma lufada de ar fresco. Essa mesma minha tia, contava que, numa ida ao médico, ele lhe pediu para ela se despir, ao que ela lhe respondeu, que não podia porque estava “com os truques”… leia-se menstruação. Dado que os “trucs”, na língua de Molière, serve para nomear tudo e qualquer coisa, acho esta associação fabulosa. A minha tia teria um pudor menos engraçado que a mãe de Mademoiselle? Pois acredito que a mãe de Mademoiselle, deve dizer “partes baixas” ou “a boca do corpo”, para se referir aos seus órgãos genitais.
A minha mãe, disse-me, anos a fio “fifilha, logo que chegues a casa, passa-me um cuzinho de telefone” e, na minha cabeça, não é que aquilo fazia sentido? Era uma mensagem de carinho onde me entendia com a minha mãe. O “cuzinho era só nosso.

Não me vou descartar deste rol, não seria justo, que também quero ser engraçada. Durante o meu primeiro ano cá, disse tantas coisas bonitas! A casa Aveirense onde passei a viver, quando vim para a universidade, ouviu e registou, numa folha afixada na porta do frigorífico, pela mão das minhas companheiras. Vieram os “vou prender o comboio”, “vou fazer a loiça” e os mais que possam imaginar. Fui-me emendando, na imersão e nos risos alegres.

O que me resta hoje?
Uma coisa em que ninguém acredita. Não consigo dizer asneiras. Não é uma incapacidade do sistema fónico, é que não fazem sentido para mim. Não encontro consolo, nem alívio, num sentido “f….-se!”, nem num “ C..a..o!” purificador ou de expressão de dor, porque não exprime nada. São palavras, não vazias de sentido, as vazias de sentir.
De vez em quando, ainda digo uma coisa ou outra…francesice.

Por isso, não sejam benevolentes com o françuguês, sejam apenas compreensivos. A compreensão de quem sabe que é difícil viver longe para ganhar a vida, não por amor. Esta língua não é um desamor à língua mãe, é uma ponte para assentar os dois pés, num acto comunicativo válido.

E se no fim disto tudo, a Mademoiselle continua a sentir uma pontinha de inveja, perante o que estas pessoas exibem em termos materiais …ela que se faça à estrada! … ah, e boa sorte, querida, na tua vida nova! Terei muito gosto em saber o nome dos teus filhos e em ouvir-te...passados alguns meses de Agosto.