terça-feira, 31 de agosto de 2010

Fermé pour travaux...

Tu sais mon cœur, j’essaie de bien prendre soin de toi


Je fais très attention.

Pour entrer, il faut désormais des chaussons d’élection.

C’est quoi cette petite égratignure?

C’est quoi cette éraflure sur la peinture?

C’est quoi cette petite ride que je n’avais pas vue?

Cette petite cicatrice qui a du mal à cicatriser?

C’est quoi ce petit bleu ?

Ce petit coin écorné ?

Ce petit bout qui s’effiloche ?

Cet atome qui croche ?

Il est un peu mal en point…faudrait rafistoler.

…j’attends des amis pour les travaux.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Venham a mim os Simples.

Ser simples, é muito mais do que não ser complicado. É ser verdadeiro, é estar atento, é ouvir o coração e falar sem ter a pretensão de estar sempre certo.


Conheço poucas pessoas simples e verdadeiras, na sua forma de falar, de pensar, de estar, de viver, de ser… simples na única verdade, a do coração.

Podemos compor uma verdade para tudo. Uma que nos agrade e nos deixe ficar bem na fotografia, mas não podemos enganar-nos. Não há maior luta desigual, do que a que travamos connosco. Digo, sinto e ajo em sintonia com o que me diz o meu coração?

domingo, 29 de agosto de 2010

Sem esperanças nem desilusões

Virá o mar...




Eis como te quero agora e para sempre.

Sem o fulgor que ruboriza as minhas faces,

Sem o negro onde caio na tua ausência.

Não quero partir,

Nem quero ficar.

A indiferença do apenas saber que te encontras bem.

É a que anseio para mim

Para o tumulto da minha alma,

Para a tempestade do meu coração.

Não quero o uivo nem o sibilar do vento

Nem a brisa delicada do teu sopro.

Não quero nada.

Não quero lágrimas, sejam elas de alegria ou desalento.

Apenas quero voltar a mim, sem esperanças nem desilusões,

apaziguada.

Ma valise, ta valise...nos valises

Ta valise un temps perdue m’a fait réfléchir… Neruda faisait collection de maisons, de proue de bateaux, de bouteilles….pas pour les posséder mais pour le patrimoine chilien. Un jour, la junte est venue et a tout détruit…des années de recherche de l’objet rare, indispensable, unique…pour rien.


Quels sont mes basiques indispensables au fil des saisons et depuis presque toujours…je cherche des objets et je ne trouve pas.

Qu’est-ce que je sauverais d’une maison en flammes ?... je ne sais pas, sûrement des trucs indispensablement idiots …comme un dessin, une photo, un livre, une lettre… un de ces jours je vais mettre tous ces trucs dans un carton pour que ce soit plus facile à emporter.

J’ai déjà eu quelques pertes d’objets et de maisons irréparables… et qui me font toujours un peu mal quelque part.

  • Ma première collection de boutons

  • La maison de mes grands-parents

  • Ma boite à trésors de quand j’étais petite

  • L’ancienne chapelle de mon village

Mais tous ces objets perdus, on vit avec, on les porte en nous.

Ce que j’aime depuis toujours c’est :

LIRE…quand j’étais petite je me demandais comment j’avais pu vivre sans savoir lire, je n’existais pas comme non-lectrice et je souris parce que je me souviens toujours avec gratitude de la mini bibliothèque de l’école et du premier livre qui était une histoire de petits lapins…introduite dans le monde merveilleux de la lecture par une famille de petits lapins. Je serais bien en mal de choisir un livre pou emporter dans une île déserte… Tout, tout le temps, dans n'importe quelle situation, n'importe quelle position. Je peux lire un magazine, les programmes de télé, un essai philosophique, de la poésie, un mode d'emploi, des livres pour enfants ou adolescents, le bulletin municipal, le menu du restaurant, des livres de cuisine, des magazines de tricot, l’emballage des céréales… tout me fait plaisir, tout m'éclate, tout m'est indispensable.
EAU…je suis une barboteuse invétérée depuis toujours. On me mettait une grande bassine en zinc au soleil et j’étais heureuse toute une après midi….quand je n’ai plus tenu dans la bassine, je suis passée à l’étang vert derrière chez moi avec les gros pneus des camions au début…les ruisseaux et les ruisselets dans la forêt ….la mer bleue et grise, l’océan, les embruns…l’eau des caniveaux avec des bottes en caoutchouc…

L'eau, barboter, mariner sans fin dans un bain, sauf dans le chlore, j'adore !

Je pousse même le vice jusqu’à aimer en boire.

SOLEIL…sur ma peau nue, si possible…la chaleur douce qui irradie et s’imprègne…

FAIRE…voir quelque chose prendre forme, que ce soit un pull, un tableau, un texte, un gâteau qui gonfle dans le four, mon bureau qui émerge du fatras que je range, une idée qui se précise… un enfant qui grandit, aussi.

Mettre des objets au monde et en sauver quelques uns.
CALINS…de tout le monde, amis amours
SOURIRES…dès le matin, même virtuels…même ceux qui n’existent plus ici et même ceux qui ne sont pas pour moi. Le plus beau sourire d’amour dont je me souviens, il ne m’était même pas destiné.



COURIR, MARCHER, FAIRE DU VELO, PATINER….me dépenser.

VOYAGER à l’intérieur de moi et dans l’espace aussi…les deux en même temps.

Tu avais raison, il y avait beaucoup de choses dans ta valise et dans la mienne.

Corações de Papelão em Terra de Nenhures

Dedico esta escrita à Mademoiselle que me espicaçou este texto. Digna representante de apriorismos, digníssima herdeira das ideias avançadas de seus progenitores e falante do alto dos seus altos estudos Lusos. Passado um mês sobre a invasão da tribo dos "Avec", venho dar o meu pequeno testemunho, feito de Cependants. Sou testemunha que pertenceu, por obra do mero acaso, a esta tribo binómada, que não sabe onde pousar o coração e a língua.
Mademoiselle, muy douta representante e esclarecida guardiã, da beleza e da rectidão da sua língua materna, comentava que, por parca instrução de quem partiu em Terras Gaulesas, ter-se-ia engendrado uma vergonhosa e ridícula forma de falar e estar. Essa mesma pouca instrução, também teria sido impedimento, para que tivessem integrado todas as regras do bom uso e pronúncia da língua francesa.
Não a conhecendo bem, mas sabendo do seu elevado grau académico, gostaria muitíssimo de a ouvir, no seu francês mais-que-perfeito, caso emigrasse. Neste ponto, deixem-me rir um cadinho hihihiihihihihihiihih!!!! Pois bem, esta forma de se exprimir, leva-me realmente a sorrir. Sorrir sem desprezo ou troça alguma, mas com grande ternura. Revejo a minha tribo de tios e tias e é neles que vou basear grande parte do meu apontamento de vista.

Oh, nem sempre tive orgulho de ser emigrante de Nem cá Nem lá. Sentia-me desconfortável com os pés desenraizados, cada um assente numa cultura diferente. Olhem, imaginem o que é andar a pé coxinho todos os dias. Sentia-me envergonhada cá e lá, sempre que abriam a boca, andava cuidadosamente afastada, para não ser assimilada àquele grupo que, para além de mais, também falava alto. Hoje me penitencio, mas para minha defesa, apenas era quinzaninha.

A riqueza do dialecto françuguês, repousa aleatoriamente, na junção das duas línguas numa perfeita simbiose, e na tradução mais que livre de expressões idiomáticas.
Idos para terras estranheiríssimas, onde usos, costumes e língua, lhes eram alheios, juntavam-se em associações, onde alegremente palravam, aprendendo uns com os outros. Assentavam na oralidade as não-regras de tal fala num “olha, como se diz?”, e pimba, lá vinha a tradução instantânea.
Mademoiselle, que língua gostaria que lhe soasse aos ouvidos, nos seus parcos momentos de praia, nas nossas festas e romarias de Agosto? Uma língua usada na perfeição, de gente que não a fala no seu dia-a-dia?

Não usam o Françuguês para se evidenciar, Cara Esclarecida. É para se fazer entender dos seus. O Michel da anedota, não perceberia patavina se a sua querida avó, lhe dissesse “Michel, cuidado que vais cair!”, e o Michel, cairia por certo. É uma questão de sobrevivência. O Michel domina perfeitamente a língua do país onde nasceu, mas a sua avó esqueceu a língua materna que não aprendeu, e nunca chegará a aprender a língua onde pousou as malas.

Michel, que nome fantástico! Já nem em França há desses pequenos. Deveriam por ventura, ter-lhe chamado Manel? Aquela criatura, jamais voltará para terra dos seus antepassados e não vejo vantagem nenhuma em atrofiar-lhe a vida à nascença. Que dizer dos Kevin, que todos os dias nascem em território nacional? Nada, não digo nada. Apenas que vivam os Franciscos e as Marias, que não sabem a sorte que têm, em ter pais finamente demodés. Nesta aldeia global, deveríamos apelidar os nossos filhos, de um nome usado no país onde gostássemos que eles emigrassem…para sair de cá, para longe de nós.

Estas pessoas, amam genuinamente e ingenuamente o seu país e depois de ganharem a vidinha, fazem-nos a honra de vir morrer pacatamente debaixo do sol pátrio. Nutrem uma saudade constante de tudo (que até o bacalhau é melhor), até ao mês de Agosto.
Voltam para a Mãe, que apenas existe nas suas memórias já muito fatigadas. Já não se lembram porque partiram ou abalaram.
Abalar é o verbo correcto, para um sismo que os desenraizou bruscamente, um dia. No percurso de volta, irão deixar netos e filhos franceses, que apenas Verão no querido mês de Agosto, na concretização do sonho final.

Em tempos idos, esta tribo ia “de assalto”, e durante a minha meninice, imaginei que se deslocavam aos saltos, ao passar a fronteira, perseguidos pelos guardas fronteiras.
Do linguajar, guardo saborosas recordações. São imagens deliciosas que me afloram e me aproximam da juventude ida das minhas tias.
Lembro-me da minha tia (ser bilingue de uma assentada só), a contar de forma veemente, o episódio da sua rica máquina de lavar. Reproduzo aqui em discurso livre, sem direitos de autor: “ Ai, que a minha machina de lavar está em panna. Apoiei nas tuchas todas e ela não marcha”. Acho que deveria agradecer este exercício de estilo, à maneira de uma lufada de ar fresco. Essa mesma minha tia, contava que, numa ida ao médico, ele lhe pediu para ela se despir, ao que ela lhe respondeu, que não podia porque estava “com os truques”… leia-se menstruação. Dado que os “trucs”, na língua de Molière, serve para nomear tudo e qualquer coisa, acho esta associação fabulosa. A minha tia teria um pudor menos engraçado que a mãe de Mademoiselle? Pois acredito que a mãe de Mademoiselle, deve dizer “partes baixas” ou “a boca do corpo”, para se referir aos seus órgãos genitais.
A minha mãe, disse-me, anos a fio “fifilha, logo que chegues a casa, passa-me um cuzinho de telefone” e, na minha cabeça, não é que aquilo fazia sentido? Era uma mensagem de carinho onde me entendia com a minha mãe. O “cuzinho era só nosso.

Não me vou descartar deste rol, não seria justo, que também quero ser engraçada. Durante o meu primeiro ano cá, disse tantas coisas bonitas! A casa Aveirense onde passei a viver, quando vim para a universidade, ouviu e registou, numa folha afixada na porta do frigorífico, pela mão das minhas companheiras. Vieram os “vou prender o comboio”, “vou fazer a loiça” e os mais que possam imaginar. Fui-me emendando, na imersão e nos risos alegres.

O que me resta hoje?
Uma coisa em que ninguém acredita. Não consigo dizer asneiras. Não é uma incapacidade do sistema fónico, é que não fazem sentido para mim. Não encontro consolo, nem alívio, num sentido “f….-se!”, nem num “ C..a..o!” purificador ou de expressão de dor, porque não exprime nada. São palavras, não vazias de sentido, as vazias de sentir.
De vez em quando, ainda digo uma coisa ou outra…francesice.

Por isso, não sejam benevolentes com o françuguês, sejam apenas compreensivos. A compreensão de quem sabe que é difícil viver longe para ganhar a vida, não por amor. Esta língua não é um desamor à língua mãe, é uma ponte para assentar os dois pés, num acto comunicativo válido.

E se no fim disto tudo, a Mademoiselle continua a sentir uma pontinha de inveja, perante o que estas pessoas exibem em termos materiais …ela que se faça à estrada! … ah, e boa sorte, querida, na tua vida nova! Terei muito gosto em saber o nome dos teus filhos e em ouvir-te...passados alguns meses de Agosto.